Como fazer para que o saquinho do chá fique insuflado quando se deita a água.



Sou um bom bebedor de chá. Uns três por dia em média e muitas vezes só não bebo mais porque penso que se calhar faz mal. Era capaz da passar o dia todo a beber chá. O preço é acessível e conforta o estômago, o que é sempre melhor do que confortar o estômago com coisas que engordam.

Costumo usar aqueles saquinhos em pirâmide, por serem mais práticos, para mim, embora saiba que o chá em folhas secas tem mais sabor. Mas dá mais um bocado de trabalho e eu sou bastante preguiçoso.

Nas caixinhas onde vêm os sacos, aparece a imagem de uma pirâmide garbosa e insuflada, alegre e reinante na água a que concede a graça do seu sabor. Também queria que as minhas pirâmides ficassem assim, mas só às vezes é que calhava. A maior parte das vezes a pirâmide ficava mirrada e triste. Comecei então a fazer experiências, tentando encontrar uma relação de causa-efeito entre a forma como eu colocava a pirâmide na água e o aspeto com que ela ficava após ter vertido toda a água. Não vou maçar o leitor com esse meu processo de tentativa e erro. 

Basta dizer que a solução até chegou por acaso. Reparei que a pirâmide fica insuflada se a deixarem respirar quando se deita a água. Não se deve deitar a água por cima dela, nem tentar imergi-la. Deve se deixar a pirâmide apenas estar ali, ao lado da água, ela faz o seu trabalho sozinha. Fico com uma pirâmide cheia, garbosa e feliz se interferir o menos possível. Vi que isso era assim com quase tudo neste mundo e tornei-me um libertário, isto é, passei a tentar interferir o menos possível na liberdade das pessoas e da natureza.

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