Um bando de órfãos de Pai.


A direita portuguesa está estraçalhada ideologicamente. Não se entende, tal como nunca se entendeu. O individualismo não favorece a união, claro. A direita é individualista. O que falta para unir? - O Pai - já que a Mãe, tal como explicou Pedro Arroja, está bem presente.

"Se não fosse a minha mãe eu nunca saberia que um tal Manuel era meu pai. E se não fosse ainda ela, o tal Manuel nunca saberia que  este Pedro era seu filho. Sem a minha mãe, aquele Manuel e este Pedro seriam dois seres humanos indiferentes um ao outro. Foi ela que os uniu e fez deles uma família (com ela ao centro)."

É o Pai quem, ao se colocar à cabeceira da mesa, impõe os ritmos, une e rege as vozes de todos numa ordem unida.

A Mãe favorece a bagunça colectiva. E, sabemos, por evidências mais que óbvias, que estamos numa sociedade cada vez mais feminilizada, mais emasculada. Dizem-nos que é bom. Até nos dizem que são precisas quotas para reforçar esse carácter feminino na sociedade que é matriarcal.

As sociedades machistas são  matriarcais. No Islão são as mulheres dominantes na família a impor o uso da burkha e niqab às mulheres mais jovens e a regra serve para controlar a concorrência entre mulheres pelo lugar à direita do homem no controlo e regulação da família. Em Itália, tal como em Portugal, a última palavra é da Mãe. A sogra define a felicidade do casal. A última palavra pertence sempre ao marido, e deve ser - sim - à mulher.  Todos sabemos que em casa mandam elas. É mesmo o segredo para a felicidade terrestre.

Portugal é uma sociedade quase ex-machista, mas ainda matriarcal e assim continuará por mão do Socialismo tal como o foi antes pela mão da Santa Madre Igreja. Tal como Pedro Arroja explicou tantas vezes.

Para ajudar na transição, da sociedade liderada pela Santa Madre Igreja para a sociedade socialista de Aldous Huxley até temos um Papa Francisco. Uma verdadeira síntese entre o católico e o socialista, mas um não-Pai. Sobra o Estado, que apesar de ser substantivo masculino, é a Mãe de todos.

Tal como os meninos perdidos na ilha do Senhor das Moscas, o bando de órfãos está separado em grupos de amigos.

Todos temos colo da Mãe (há a ilusão de colo do Estado) mas não temos a regência do Pai. O amiguismo tona-se assim a ideologia dominante. O que sobra e dá segurança. As fidelidades pessoais dominam sobre a apreciação dos princípios e valores que se tornaram subjectivos - tal como a primeira regra do decálogo liberal de Bertrand Russel reforça o subjectivismo: "Não tenhas certeza absoluta de nada"-.

Se não há certezas então não pode haver concordância e união em torno do que quer que seja firme. Os valores e princípios deixam de ter substância e deixam de servir como bússola moral e orientação de escolhas e acção. Resta a acção individualista apoiada num pequeno grupo restrito e de confiança.

Os meninos da direita portuguesa deixaram de saber quem é o Pai. Deixaram de ter quem afirmasse os valores como uma Verdade objectiva. Os meninos da direita portuguesa estão perdidos na ilha do Senhor das Moscas.

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