O que será considerado um sucesso do 5.7 daqui a dois anos?

Essa é a pergunta que não cheguei a fazer a Miguel Morgado e até agora está sem resposta.  Não a fiz, na apresentação, porque até a acho impertinente face à boa intenção na base do movimento. Claro que o sucesso do 5.7 será o que for possível obter, considerando que as 3 forças principais que se unem na sua formação são heterogéneas e díspares.

Une-as o facto de não serem socialistas? Poder-se-á afirmar tal? Ouvindo o que disse Carlos Guimarães Pinto, enquanto Miguel Morgado e Cecília Meireles se mostravam atónitos: não!

O que CGP afirmou é de uma lisura banal: a direita portuguesa tem sido socialista. Tem sido socialista quando está no poder, e tem sido socialista quando está na oposição. Tem escolhido bater-se publicamente por causas perdidas, alimentadas por um Bloco de Esquerda que lança iscos plenamente engolidos pela direita; tem escolhido a gestão da manutenção no controlo do regime em detrimento do verdadeiro reformismo. Reformismo esse que é a principal bandeira do movimento que alega ser representante da AD e de Sá Carneiro: uma contradição que o tempo dirá se é, ou não, insanável.

Foi até constrangedor, ver Cecília Meireles (muito aplaudida pelo público, notem bem) a debitar um arrazoado de banalidades sobre o que é necessário para combater o socialismo, começando pela defesa da "economia social de mercado". Ora contemplem, caros: CM, afirma-se não-socialista, mas o modo económico primordial é o da "economia social de mercado". O social vem antes do mercado. A regulação, o intervencionismo decidido centralmente por quem coordena o regime deve determinar/controlar o modo de produção e trocas num mercado que não pode ser livre. E porque não pode ser livre? Porque a iniciativa privada é supletiva ao estado e à decisão central. Foi isto que foi dito.

Convenhamos que para discurso não-socialista estamos fortes em conceitos plenamente socialistas.

Quanto ao PSD de Miguel Morgado presente na sala, e - considerando que o desmaio do nosso amigo PMC me levou para fora da mesma e ouvi apenas o final da intervenção de MM - há boas intenções e uma força anímica considerável, evidenciada pela rapidez com que ergueu a associação e pelo leque de nomes reunidos.

Uma convicção me sai reforçada do que ouvi e vi no encontro: há em Miguel Morgado uma verdadeira força reformista do Estado. Se o PSD lhe dará espaço para poder chegar à prática, ficamos ainda por saber. Talvez o 5.7 lhe abra portas em número superior às resistências que já se adivinham. "God speed!"

Após o encontro e, por coincidência, muitas pessoas foram jantar um bife na Portugália ao lado.
Na Portugália, qual microcosmos alegórico da direita portuguesa, sentaram-se numa mesa grande (que tomou precedência no servir dos pratos sobre as outras) os incumbentes maioritários do 5.7.

Lateralmente, numa mesa mais pequena, os simpatizantes da IL, e numa sala afastada, "ostracizados" do mainstream, os "libertários-conservadores radicais" que esperaram duas horas (enquanto os empregados serviam as mesas dos incumbentes) para comer um quasi-sofrível bife com molho à Portuguesa. Durante o jantar pouco interacção houve entre "as direitas".

O jantar foi um belo retrato da real "união das direitas". Mas não ficou para a fotografia apresentada nos media.    


Comentários