Os nacionalismos na União Europeia

O nacionalismo enquanto malfeitoria neste remanso parece ser a única razão de queixa de um modelo ideal e em paz com os anjos, pois, não fora o mafarrico nacionalista e estaríamos no paraíso terrestre sonhado pelos burocratas de Bruxelas e dos que nos pastoreiam alegremente.

São cada vez mais evidentes os sinais de rejeição a alguns modelos e sistemas de deficiente integração política, social e económica nas sociedades ditas ocidentais e democráticas.
Desde a escalada das "forças nacionalistas" em França e em outros países europeus, a um aumento do discurso radical por todo o Ocidente, de que os EUA e o Brasil são mais um exemplo recente, há todo um clima de instabilidade que vai alastrando.
O discurso político polarizou-se, aumentou a expressão pública de contestação e a sua visibilidade, e os actos de violência são mais frequentes com consequências mais graves em termos materiais e humanos.

Alemanha, França, Itália, Espanha, e Reino Unido de saída com o Brexit, representam cerca de 70% da população da União Europeia, correspondente a mais de 75% do PIB da UE, e estão em crise política e social que se acentuou nos últimos meses.
Uma agudização do actual estado em qualquer um destes países e não haverá amortecimento capaz de absorver as ondas de choque que se irão propagar até aos confins do reino europeu.
Logo agora, porque já se começam a vislumbrar sinais de uma nova crise económico-financeira mundial, e quando a capacidade de fabricar dinheiro pelo BCE chegou ao fim.
A crise económica virá juntar-se a uma já bem evidente crise social, pois faz parte do modelo de desenvolvimento cíclico e com os seus necessários ajustamentos, assim sendo resta aguardar e tentar minorar os seus efeitos.

Em França o presidente Macron entrou em declínio, pouco mais de um ano após a sua eleição e já cede nos pontos principais da sua agenda federalista e de globalização que o fez eleger, contra o nacionalismo de Le Pen e também de Mélenchon...
Sem um partido político de peso a apoiá-lo vai sentir a sua base eleitoral a deteriorar-se rapidamente e iremos assistir ao crescimento dos partidos ditos nacionalistas, obviamente.
As últimas sondagens tendo em vista as próximas eleições europeias apontam para que a Frente Nacional seja actualmente o maior partido em França, e em crescimento, o que só vem reforçar aquilo que já se havia expressado nas últimas eleições legislativas.

Mas o que é o nacionalismo, neste contexto?
É apenas o reflexo e a reacção a uma progressiva deterioração dos valores identitários, culturais e sociais, das nações e povos que são e sempre foram a Europa das nações.
É também e sobretudo a resposta necessária quando as forças e partidos ditos moderados ou do centro, que desenharam e desenvolveram este modelo, não são capazes nem têm interesse em dar resposta aos problemas que eles próprios criaram.

Qualquer estrutura organizada tem um limite mínimo de identidade comum a partir do qual a sua diluição acarreta a sua desagregação.
Parece que este ponto de não retorno já foi ultrapassado no projecto europeu da UE.

O que poderia ser um espaço comunitário de mercado livre de pessoas, bens e serviços acabou por se transformar num processo de destruição cultural a que as migrações, cultural e religiosamente adversas ao passado de tolerância e diversidade historicamente evoluído da tradição greco-judaico-cristã, vieram juntar as condições ideais para a sua implosão em breve.
Uma implosão que será de contestação, confronto e violência, e que só agora começou.

Com uma moeda única sem capacidade de acomodar as assimetrias de desenvolvimento dos diversos países e uma previsível mas pouco cuidada receptividade a culturas e modelos sócio-religiosos arcaicos que mantêm as suas práticas em guetos de radicalização nas grandes cidades europeias, vão-se semeando as condições para uma explosão social latente.
É o que temos visto recentemente em França com a sua eclosão no movimento dos "coletes amarelos".

Neste quadro e neste contexto o agitar do nacionalismo como anátema, e estigma malévolo e portador de todas as desgraças, só pode resultar no efeito contrário ao que indiscriminadamente se pretende acefalamente apelar.
A ignorância das razões profundas, do que são as causas dos movimentos de contestação e revolta na Europa, não ajuda e não augura nada de bom, ou de inteligente e eficiente, como modo de sair pacífica e ordeiramente do caos em que burocratas, interesses financeiros e políticos mergulharam o Ocidente.

Vai ser com o nacionalismo que o globalismo será combatido.

Obviamente, habituem-se, pois felizmente que assim será, uma vez que aqui somos chegados...

Porquê?
Porque nacionalismo, fascismo, machista, misógino, racista, e outros epítetos que tais usados actualmente e publicamente no espaço do debate político servem, antes de mais e sobretudo, a quem se elevou a uma posição dominante e de atemorização para condicionar o debate com os opositores, dos que não seguem a cartilha socialista ou socializante e "politicamente correcta" ou amorfa.
A apropriação dos termos realçando a sua componente mais superficial de cariz contestatária e não ajustada ao modelo socializante vigente na União Europeia, e nas instituições globalistas em geral, é um mero expediente de populismo por parte da comunicação social e dos poderes mais institucionais e instalados à sua sombra.
É contra este populismo de alapados que outros populismos se levantam.

E quanto a populismos e ao seu significado fica para uma próxima, contra corrente...!

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