"Dar do Orçamento de Estado" e "Definir o Destino Colectivo"


Desconfiem de todo aqueles que afirmem querer ajudar "a definir o nosso destino colectivo". Por dois motivos:

1. Só podem ser pouco informados e ilustrados. O destino apenas a Deus pertence (os ateus que substituam Deus pelo acaso). Sobretudo o destino colectivo é de uma complexidade infinita e não há modo algum de o definir. Pode-se sim, condicionar, por repressão das liberdades. E é aqui que chegam a maior parte dos delírios de controlo. Caem na hiper-regulação positivista (miríade de leis, normas e regras) como modo de se sentirem interventivos. - Toca  alguma campainha?

2. Apenas querem usar o protagonismo a que se alçam com a intenção de "definir o destino colectivo" com o modo de se distinguirem pessoalmente. Tipicamente até são pessoas pouco capazes de se afirmarem em trabalho aberto e cooperativo. Por isso tanto medíocre se junta aos partidos. Porque sabem que não têm possibilidade, ou têm de trabalhar  muito nas organizações espontâneas da sociedade. E são preguiçosos que querem queimar etapas. 

Tudo aquilo a que a política pode tentar almejar em termos de definição é a gestão das exigências do presente. E em muito poucos campos pode ser eficiente e eficaz. Por isso tantos dos países do Norte da Europa têm governos muito mais liberais e menos interventivos. Conhecem bem os limites da governação. E são politicamente sérios. Não como os nossos políticos que são capazes de prometer "alterar" este mundo e o outro. 

Além disso, sempre que ouvirem um político a dizer "dar" referindo-se ao Orçamento de Estado, dêem-lhe uma cachaporra rápida e violenta tal como Batman faz a Robin. 

Do Orçamento de Estado nada se dá: tudo se tira. 

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