Navarra aqui tão perto
A Geografia tem uma lei à qual os
geógrafos dão muito importância. Chama-se a Lei de Tobler ou 1ª Lei da Geografia
e diz mais ou menos o seguinte: Todas as coisas estão relacionadas com todas as
outras, mas as coisas próximas estão mais relacionadas do que as coisas
distantes.
Passou quase despercebida em
Portugal a notícia
que refere a implementação pelo Governo
de Navarra em Espanha de um programa de “Coeducación” denominado Skolae para o período 2017-2021 para a melhoria das relações igualitárias entre homens
e mulheres.
Este plano, obrigatório nos currículos
(como a Matemática ou o Castelhano) para
as escolas publicas, privadas e mistas de Navarra, foi concebido e desenvolvido
pelo departamento público de Educação do governo de Navarra, com o envolvimento
do departamento público de Saúde através do Instituto de saúde pública, o conselho
escolar de Navarra, corpos docentes e apoio de uma equipa técnica de especialistas
em igualdade e coeducação.
O governo de Navarra é presidido
por Uxue Barkos, basca, que chegou ao poder em 2015 com o apoio da extrema-esquerda nacionalista do Geroa Bai, EH Bildu (onde se encontram
os resquícios do famigerado Herri-Batasuna), Podemos e Izquierda-Ezkerra
O que nos diz este programa
governamental para as escolas de Navarra? O seguinte:
“vivimos
en una sociedad profundamente sexista y machista (p. 12), em que “los hombres han
manifestado una evolución muy limitada hacia un compromiso real con la
igualdad” (p. 11). Se señala, además, que dado que los hombres “siguen depositando
la centralidad de su propio proyecto vital en su ego laboral, en su desarrollo
personal (no ajeno a privilegios heredados) y en la desresponsabilización de las
tareas de cuidado y del ejemplo de corresponsabilidad necesario para la acción
coeducadora”, se hace necesario “deconstruir la masculinidad hegemónica y sus mandatos”
(p. 12).
No que refere ao mundo profissional
e ao “gap salarial” entre géneros o documento refere que ele acontece por “causas biológicas y psicológicas diferenciales”.
Estas explicaciones son propias del sistema capitalista y con ellas se “sigue
situando a muchas mujeres en el ámbito reproductivo” (p. 36). O que faz com
que o trabalho da mulher, seja “invisibilizado”
y “oculto” en el “sistema capitalista
heteropatriarcal” p. (37).
Para os autores do documento esta
sociedade em que vivemos tem uma agravante prejudicial para os nossos filhos,
porque mantém um processo de socialização na identidade de género em que “fomenta y reproduce la desigualdade en las
oportunidades de desarrollo y la calidad de vida, perpetuando el uso del poder
y la dominación sobre las mujeres”(p. 24). Bem como “las elecciones personales y profesionales de las alumnas y alumnos
siguen estando marcadas por los estereotipos de género” (34). Assim “es fundamental abordar conceptos clave de la
teoría de género: sistema sexo-género, socialización de género, roles y
estereotipos de género, mandatos de género, identidad de género,
interseccionalidad, igualdad diferencia-desigualdad-discriminación, división
sexual del trabajo, conciliación corresponsabilidad-sostenibilidad, sincretismo…”
(p. 24).
No que diz respeito a sexualidade
e afectividade o programa SKOLAE refere que “las identidades sexuales y las selecciones afectivo-sexuales que transgreden
la norma social de la heterosexualidad no son aceptadas ni están normalizadas”
(p. 61). Por isso é necessária a existência de opções de “múltiples sexualidades” (p. 62). Este programa entende que “la identidad de género es un mero constructo
social, por lo que debería entenderse la propiá identidad de manera diversa y
más allá de las categorias de hombre y mujer, “identificándose con algunas de
ellas (binario), ambas (no binario), o ninguna (agénero)” (p. 62).
O documento é refere também que “la concepción heterosexual de amor romântico
debe comprenderse como una “reconstrucción burguesa sobre la base de una
división de roles dentro de la pareja” (p. 63). Esta visão burguesa do amor
romântico constitui-se a partir de “imágenes idealizadas que sirven para
perpetuar los desequilibrios de poder existentes, que favorecen la tolerancia
de comportamientos abusivos y que se consideran como algo natural o normal en
las relaciones, por lo que son resistentes al cambio” (p. 64). Por tudo
isto,”los modelos o cánones de belleza
deben entenderse como una “imposición de unas pautas estéticas que se
convierten en formas de violencia” (p. 63).
O corolário do programa para a “Coeducación”
é atingido com o plano de acção, do qual retenho para a etapa entre os 0 e os
12 anos:
ETAPA INFANTIL 0-6 AÑOS .
- Identificar prácticas sexistas en juegos y espacios. (p. 29)
- Revisar todos los materiales de aula para que las imágenes de profesiones no estén estereotipadas. (p. 42) .
- Dotar a la biblioteca de aula de cuentos y álbumes ilustrados igualitarios (p. 42)
- Aceptación y convivencia de las identidades múltiples, (culturales, sociales, sexuales…) que conforman mi propia identidad. (p. 54)
- Análisis de las situaciones de sexismo en infantil (p. 68)
- Análisis crítico de la sexualización femenina desde la infancia (p. 68)
- Reconocimiento y vivencia de la sexualidad infantil en el ámbito de la escuela y la familia (curiosidade sexual, juegos eróticos infantiles…). (p. 68)
ETAPA PRIMARIA 6-12 AÑOS
- Conciencia de la construcción social de los géneros: sistema sexo-género, patriarcado, socialización diferencial, estereotipos y mandatos de género (p. 30)
- Capacidad para el cambio: Reconocimiento del activismo. Uso del lenguaje inclusivo (p. 30)
- Mostrar como violencias la dejación de nuestra responsabilidad en las tareas domésticas y cuidados (p. 43)
É escusado explicar o óbvio. Este
programa irá converter a ideologia de género num conteúdo obrigatório em todas
as escolas, reafirmo, publicas e privadas, de Navarra.
O Skolae demonstra o propósito absolutamente
assumido de, utilizando a coerção e o condicionamento legal da maquinaria
estatal, converter todo o sistema educacional público e privado num canal
através do qual a extrema esquerda impõe sua visão do mundo, da pessoa, das
relações entre os casais e da sexualidade aos filhos, quer os pais ou as famílias
partilhem ou não dessa ideologia.
Todo o programa é pura ideologia,
doutrinação obrigatória às crianças de Navarra numa tentativa de suplantar o
papel prioritário dos pais na educação de seus filhos, transgredindo de maneira
indisfarçada o direito fundamental de liberdade de consciência e de liberdade
de educação, confrontando o direito dos pais e da família de educar seus filhos nas suas convicções morais ou religiosas.
Sujeita no parlamento Navarro
a acusações sobre o valor e amplitude do programa, a conselheira das relações
institucionais do Governo de Navarra, Ana Ollo, afirmou "en
el ámbito de la igualdad tenemos una responsabilidad como instituciones de que
los derechos individuales de los padres y madres estén muy por debajo de los
derechos como sociedad", concluindo com um legitimador de acção “el Estado no es propietario de los hijos, pero tampoco lo son los padres".
Lembram-se da Lei de Tobler, a 1ª
Lei da Geografia? Navarra dista cerca de 700 km de Portugal e nós, os geógrafos, prestamos muita atenção as distâncias.
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